ESTUDO DE AVALIAÇÃO DA PANDEMIA DE COVID-19 EM FOZ DO IGUAÇU RECOMENDA VOLTA ÀS AULAS PRESENCIAIS SÓ APÓS 70% DA POPULAÇÃO ESTAR VACINADA
A APP-Sindicato/Foz promoveu uma Live sobre o impacto que pode ocorrer com a volta às aulas presenciais ou no modelo híbrido. Os convidados para o diálogo, na última quarta-feira (19), foram: Viviane Jara Benitez (diretora de políticas sindicais do SINPREFI) e Lucas Ferrante (biólogo, pesquisador e organizador da pesquisa científica sobre a evolução da pandemia de Covid-19 no município).
A conclusão é que essa retomada das atividades só será segura e possível quando 70% de toda a população do município estiver vacinada. E mais: o pesquisador recomendou a adoção imediata do lockdown de 21 dias para que Foz do Iguaçu não repita o que aconteceu em Manaus, com o surgimento de uma nova onda da doença.
Os mediadores do encontro, Silvio Borges (diretor da APP-Sindicato/Foz) e Walkiria Mazeto (da secretaria estadual de finanças da APP- Sindicato) destacaram que foi decretada greve pela vida contra a decisão do governo do estado da volta às aulas presenciais no próximo dia 24. Medida esta que se faz necessária diante dos resultados da pesquisa científica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) sobre a evolução da pandemia de Covid-19 e seus impactos na volta às aulas presenciais, realizada em Curitiba e mais 10 cidades do estado, entre elas Foz do Iguaçu.
O estudo coordenado por Lucas Ferrante e uma equipe multidisciplinar, todos profissionais com publicações científicas sobre o coronavírus, realizou um primeiro levantamento em Manaus, capital do Amazonas. Apontou, com quatro meses de antecedência, a possibilidade que virou realidade do aumento de casos da doença e do surgimento de uma nova variante.
De acordo com o pesquisador, esse avanço da pandemia ocorreu com a volta às aulas presenciais. Ele também mostrou diversas pesquisas e estudos que vêm sendo usados para garantir a segurança da retomada das atividades nas escolas e que classifica como “inverídicos”. Alguns dos levantamentos internacionais usados como referência para que os estudantes brasileiros voltem às salas de aula foram fraudados, de acordo com Lucas Ferrante.
Ele destacou o exemplo de Portugal que fechou escolas e universidades após recordes consecutivos de mortes. E, também, a Suíça, onde a defesa da volta às aulas excluiu dados como o aumento da mortalidade de crianças. “Existe o mito de que criança não transmite coronavírus, na verdade elas têm carga viral equivalente a dos adultos e transmitem o vírus tanto quanto eles, mesmo estando assintomáticas”, enfatizou o pesquisador.
Quanto aos protocolos de segurança, o pesquisador trouxe um estudo sobre as máscaras, um equipamento de proteção individual necessário. Análises feitas pela Universidade de São Paulo em cerca de 260 modelos revelaram que a única que oferece proteção é o modelo N95, a eficácia das confeccionadas com tecido varia entre 70 e 15% de proteção.
Para o pesquisador “a volta às aulas tende a colaborar para a propagação viral e se mostra até mais prejudicial do que a volta das atividades não essenciais”. Ficou demonstrado que o relaxamento nas medidas de isolamento fez com que crescesse o número de internamentos. Os índices projetados para Foz do Iguaçu recomendam que seja feito o lockdown para contenção da epidemia no município. Além disso, já foi detectada a circulação de 8 variantes da doença na região Sul e, como Foz está na fronteira, é necessário adotar cuidados para que a doença não saia do controle.
Os boletins diários sobre a doença trazem um aumento de casos nas últimas três semanas. No final de abril eram 450 casos e na última semana ultrapassou 870 casos, dados que coincidem com a volta às aulas. Para Lucas Ferrante, o retorno às aulas só será seguro após a vacinação de 70% da população e a possibilidade de a criança contaminar algum familiar e esse ir a óbito vai causar um sofrimento e dano bem maiores do que o isolamento social.
Outro ponto que se deve atentar é que carga viral pode oscilar durante o dia, o que significa que de manhã o teste pode dar negativo e à tarde a pessoa positiva para o coronavírus. Ele afirma ainda que a testagem quinzenal, realizada nas escolas que estão voltando ao modelo presencial, não fornece informação de qualidade, justamente por causa da oscilação do vírus.
A diretora do SINPREFI, Viviane Jara Benitez, apresentou um levantamento do número de casos da doença entre funcionários públicos e professores. Foz do Iguaçu possui 6.087 funcionários municipais, deste total 2.479 são servidores da educação. Dos trabalhadores dessa área quase 200 já tiveram a doença e 8 morreram. Números que podem ser associados com o fim da escala de trabalho e a volta presencial nas unidades de ensino, com a circulação de funcionários e alunos.
Na rede estadual onde o trabalho segue remoto, nos 9 municípios de abrangência do Núcleo Regional de Educação são 3.111 profissionais, 11 casos e 3 mortes, a última registrada nesta quarta-feira, 19, em Santa Terezinha de Itaipu. Não foram obtidos dados da rede particular de ensino.
Ao responder às perguntas feitas pelos participantes da Live – mais de 130 pessoas – Lucas Ferrante reforçou que a volta às aulas e o relaxamento nas medidas de isolamento social são casos de acionar o Ministério Público para que as escolas sejam fechadas e as autoridades que determinaram o funcionamento sejam responsabilizadas. Encerrou informando que é errôneo associar prejuízos da economia com lockdown e citou o exemplo de Araraquara, que zerou o número de óbitos, abriu o comércio que teve uma rápida recuperação econômica.
Dirigida a professores, agentes educacionais de todos os níveis de estudo, além de alunos, pais e gestores públicos, a Live foi realizada em conjunto com Sinteoeste ( Sindicato dos Técnicos e Professores da Unioeste), Adunioeste (Sindicato dos Docentes da Unioeste) e Sesunila (Sindicato de Docentes da Unila).
A Live completa você assiste no link:

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