GESTÃO DEFENDE VOLTA ÀS AULAS PRESENCIAIS MESMO SEM VACINA PARA TODOS; SINPREFI MANTEM POSICIONAMENTO CONTRÁRIO E VAI CONVOCAR ASSEMBLEIA GERAL PARA A PRÓXIMA SEMANA
“Entendemos o papel social da escola, além do pedagógico, mas por que vamos arriscar vidas se podemos continuar trabalhando de forma remota como já foi feito em 2020 com muito esforço?”, questionou a diretora de políticas sindicais do SINPREFI, Viviane Jara Benitez. Ela estava acompanhada da presidente do SINPREFI, Marli Maraschin de Queiroz, em reunião realizada hoje (18) cedo, na Fundação Cultural, em conjunto com a secretária de saúde, Rosa Jeronymo, a secretária de educação, Maria Justina da Silva e o secretário de administração, Nilton Bobato.
A secretária de saúde defende que a escola cumpre um papel social que vai além das lições pedagógicas. Segundo ela, a criança vai à escola não apenas por um fator específico, mas também pela importância nutricional, de segurança e proteção. Rosa Jeronymo apoia a volta às aulas no modelo híbrido (presencial + remoto) proposto pela SMED, mesmo diante dos apontamentos feitos pelo SINPREFI abordando que os leitos de UTI COVID não têm sido suficientes em determinados períodos recentes, que o número de casos ainda está muito alto e que seguimos tendo mortes causadas pelo novo coronavírus no município.
Pela área da educação, Maria Justina apontou que os protocolos definidos pelo Comitê da Volta às Aulas (que inclui profissionais da saúde) estão sendo cobrados diariamente pela SMED e que cada instituição vai ajustar o protocolo de acordo com as particularidades necessárias. Mas o SINPREFI alega que desde que as reuniões pedagógicas foram retomadas de forma presencial, no início deste mês, pelo menos cinco profissionais da educação já manifestaram COVID-19 – sendo quatro da mesma escola (uma em estado grave) e um de CMEI – e que o fato de os profissionais da educação não estarem no cronograma inicial da vacinação é uma falha grave que põe em risco não só a saúde dos trabalhadores, mas de toda a comunidade.
A reunião foi bastante conturbada, com divergência entre os posicionamentos. O SINPREFI reforçou os resultados da Assembleia Geral realizada no último dia 10, em que 91,3% dos profissionais da educação presentes votaram contra a volta às aulas no formato presencial. Além disso, o sindicato relembrou que, para registrar de forma oficial a opinião dos educadores, foi elaborado um formulário digital respondido por 1.029 profissionais (dos quase 2 mil que atuam na área da educação do município) e que 73,9% do total responderam que são contrários à volta às aulas presenciais. Por outro lado, a secretária de educação afirmou que muitos diretores manifestam que a equipe que comandam é favorável a volta às aulas presenciais. A presidente do SINPREFI, Marli Maraschin de Queiroz, então, indagou por que a SMED não faz um levantamento próprio que embase a decisão que estão tomando.
No fim da reunião, a gestão deixou claro que irá manter a data do retorno às aulas em modelo híbrido para 1º de março e assumiu compromisso, por meio do secretário de administração Nilton Bobato de permanecer monitorando diariamente o cumprimento dos protocolos e o número de casos positivados de COVID-19 no município e, especialmente, nas unidades escolares. A secretária de saúde, Rosa Jeronymo, afirmou que a decisão da administração é iniciar nesse formato e, caso haja problemas, recuar.
Para o SINPREFI, as ações não são suficientes e expõem os profissionais da educação, a comunidade escolar e a população de Foz do Iguaçu a um risco muito grande de contaminação pela grande circulação de pessoas e a uma possibilidade de colapso no sistema público de saúde que poderia ser evitado com o esforço de se manter aulas remotamente. O sindicato irá convocar nova Assembleia Geral na semana que vem para debater com a base o posicionamento que será tomado a partir de agora já que a categoria anunciou estado de greve na semana passada como forma de alerta contra a volta às aulas presenciais. “Não podemos admitir que iremos arriscar ver algum colega de trabalho ou aluno morrer porque a gestão decidiu arriscar,” conclui Marli Maraschin de Queiroz.