AUDIÊNCIA PÚBLICA DEBATE VOLTA ÀS AULAS PRESENCIAIS EM FOZ DO IGUAÇU
Representantes do SINPREFI participaram da Audiência Pública promovida pela Câmara de Vereadores hoje (21) cedo, para debater o retorno presencial às aulas no município de Foz do Iguaçu. A discussão foi proposta pela vereadora Yasmin Hachem (MDB) e ocorreu em modelo híbrido (semipresencial e em videoconferência).
Viviane Jara Benitez (diretora de políticas sindicais do SINPREFI) foi a primeira a falar, explicando que se manifestava em nome da categoria dos profissionais da educação que atuam na rede pública municipal de Foz do Iguaçu. Ela relembrou que os vereadores foram convidados pelo SINPREFI para um debate em torno do tema quando assumiram os cargos, em fevereiro. Nem todos participaram e não foi possível verificar se houve alguma ação efetiva a partir da reunião.
A diretora do SINPREFI afirmou que a gestão municipal foi procurada por diversas vezes, numa tentativa de se manter o diálogo em relação ao possível retorno presencial. Uma das justificativas apresentadas de forma recorrente pelo SINPREFI, segundo Viviane Jara Benitez, é que ainda não há segurança sanitária, nem cobertura de vacinação suficiente e, além disso, as UTI´s estão lotadas, com crescente número de mortes.
Viviane Jara Benitez defendeu que o posicionamento contrário ao retorno das aulas presenciais neste momento é em defesa da saúde e da vida de toda a comunidade escolas, incluindo profissionais e famílias, apesar das críticas levianas feitas aos profissionais da educação.
Ela reforçou que os profissionais da educação não pararam de trabalhar em nenhum momento, preparando atividades remotas, participando de atividades pedagógicas, corrigindo atividades feitas em casa e entregando kits de alimentação.
Alguns números levantados pelo SINPREFI foram apresentados:
– fevereiro, março, abril e maio: 200 casos entre profissionais da educação
– 9 mortes
Fevereiro 73 casos – convocação para atividades pedagógicas nas unidades escolares
Março 54 – primeiras mortes entre profissionais da educação
Abril 16 – convocação para cumprimento de carga horária presencialmente nas escolas
Maio 57 – projeto-piloto com aulas presenciais em 5 unidades escolares e cumprimento da carga horária de trabalho dentro das unidades escolares
Na conclusão da fala, Viviane Jara Benitez questionou como será feita a testagem de alunos e professores na retomada das aulas presenciais – o que não estaria claro ainda. E apontou que ainda há profissionais que não receberam EPI´s adequados. Manifestou apoio à APP-Sindicato/Foz, que representa os professores do estado e enfrenta os mesmos problemas no âmbito estadual. E encerrou denunciando a dificuldade de conseguir dados em relação à rede privada, mesmo em contato com sindicatos que representam os respectivos profissionais.
Em seguida, a secretária de educação de Foz, Maria Justina, fez um resgate histórico do encaminhamento das aulas desde que os primeiros casos de COVID-19 foram registrados em Foz, em março de 2020. Ela afirmou que as licitações para compra de EPI´s foram iniciadas no segundo semestre de 2020, com base nas orientações dos protocolos estaduais e federais, além de orientações da secretaria de saúde.
Justina explicou que há reuniões constantes para traçar o direcionamento das atividades escolares e que, só após análise de dados em conjunto com a secretaria de saúde iniciaram projeto-piloto com alunos em aulas presenciais. Segundo ela, as unidades escolares participantes foram escolhidas por região, número de alunos e especificidades de cada unidade. O início foi em 3 de maio de 2021, com monitoramento, testes de profissionais e alunos.
Maria Justina defende que é “necessário aprender a conviver com a pandemia, retomando os processos de trabalho”. A secretária manifestou preocupação com a identificação de grande defasagem pedagógica, mas disse que, a partir de novas recomendações do setor de saúde municipal, optou-se por antecipar o recesso de julho, suspendendo as aulas novamente na última semana de maio. Ela pontuou que, hoje, 100% dos profissionais da Educação puderam ter acesso à primeira dose da vacina, incluindo merendeiras, estagiários, motorista do transporte escolar, professores, coordenadores…
Hoje (21) os profissionais da saúde do município retomaram as atividades presenciais, apesar de as aulas ainda não terem sido retomadas. A partir do dia 28 de junho, serão retomadas as aulas em modelo híbrido, ampliando o atendimento nas unidades escolares do projeto-piloto: 1º, 2º e 5º anos nas cinco escolas que já tinham retomado o atendimento, além da retomada nos níveis de Infantil 5 nos CMEI´s . No dia 5 de julho está previsto o retorno dos 5° anos em todas as escolas e do Infantil 4 nos CMEI´s, além das classes especiais e sala de recursos.
O próximo a falar foi o biólogo, pesquisador e organizador da pesquisa científica sobre a evolução da pandemia de Covid-19 no município, Lucas Ferrante. Ele apresentou estudos e publicações científicas sobre a propagação da COVID-19 em outras localidades do Brasil e em outras partes do mundo. A recomendação do pesquisador é que Foz do Iguaçu decrete lockdown de 21 dias para frear a onda de contaminação.
Apontou que a retomada das aulas presenciais só terá algum grau de segurança sanitária quando a vacinação chegar a uma margem entre 85 e 95% de toda população. Lucas Ferrante ressaltou que as pessoas, MESMO VACINADAS, continuam transmitindo o vírus. Ele defende que a vacinação apenas dos professores e, somente da primeira dose, não é suficiente para retomada das aulas. Atribuiu a responsabilidade pelas contaminações e mortes provenientes do retorno às aulas presenciais é de quem tomar a decisão do retorno.
Representando a Vigilância Epidemiológica do município, o enfermeiro Roberto Doldan nominou esta como uma “pandemia sem precedentes”. Disse que não foi possível enfrentar o novo coronavírus nos moldes do H1N1. Apontou que foram identificadas duas grandes ondas em Foz: uma em outubro do ano passado e outra em março deste ano. Depois de março, houve uma queda e agora estabilidade. O enfermeiro explicou que 85% das transmissões, em Foz, são comunitárias, e que já não há capacidade de discernir onde a pessoa se contaminou. Ele informou que já são quase 40 mil casos confirmados em Foz; com 307 pessoas em isolamento e 162 internamentos.
A presidente do SINPREFI, Marli Maraschin de Queiroz, encerrou as falas defendendo que a “vida vem em primeiro lugar”. A líder sindical reafirmou que a defasagem de aprendizado pode ser recuperada depois, mas que não há solução para as vidas perdidas.
Com o fim das falas dos representantes de entidades e do executivo municipal, foi aberto o debate entre as pessoas que acompanhavam presencialmente e de forma on-line, ampliando o diálogo com pessoas da comunidade.
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As vacinas contra a COVID-19 passam por vários testes de segurança e eficácia e são, então, monitoradas com atenção.
Fonte: Organização Mundial da Saúde
Informações sobre vacinas
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