NAS PALAVRAS DA SOBRINHA DELA, CLÁUDIA CASTILHA, NOSSA HOMENAGEM:

“Falar sobre Etelvina, a filha, a irmã, a tia… é bastante fácil. A primeira ideia que vem à mente é de uma mulher vistosa, sorrindo e de batom vermelho. Etelvina foi sincera em seus relacionamentos. Com um jeito leve e despreocupado, falava aquilo que lhe vinha ao coração de uma maneira tão natural que nunca causava desconforto, mas no máximo risadas. Ela nos ensinou muito sobre rir de si mesmo e a encarar com leveza os dias difíceis.

Basicamente, viveu a vida a improvisar, dia a dia, da melhor maneira, a arte do viver. Sem expectativas além de estar no próprio lugar e ser a melhor possível naquele mesmo instante. Nisso, ela foi durante toda sua vida uma grande professora.

Sim, Etelvina foi professora. Desde a mais tenra idade abraçou para si essa profissão, e a exerceu até o final de sua vida. Com um amor natural abraçou a educação especial, e falava com emoção genuína sobre seus aluninhos, sobre suas descobertas, sobre a genialidade que descobria em cada pequeno ser humano cuja alma ela tocava. Afinal, basta olhar, para encontrar o que de especial há em cada ser humano. E esse olhar amoroso, ela teve e nos convidou também a ter, especialmente com relação àqueles que menos atenção atraem da sociedade.

Como irmã, teve a força para carregar pra si o cargo de primeira das mulheres a nascer no seu sistema familiar. Depois de dois irmãos homens, surge Etelvina, tão corajosa quanto seu batom vermelho, tão amorosa quanto se pode esperar de uma irmã. Uma conjunção perfeita de alegria, força e leveza. A única capaz de dar abertura à chegada das suas irmãs, de quem foi companheira, conselheira e, principalmente, acolhida.

Justamente por ser assim, tão acolhedora, recebeu com carinho em sua casa e em seu coração várias amigas durante sua vida. Algumas muito vulneráveis, a quem a Etelvina nunca julgou. Porque ela foi assim: pura acolhida. Acreditou que o ser humano é belo inclusive em suas falhas, e por isso acolhia as faltas do mesmo modo com que acolhia as virtudes. Muito pode-se dizer dela, mas nunca que foi uma pessoa julgadora. Que bom! Assim sua casa, suas portas e seu abraço sempre puderam estar abertos a quem precisasse.

Alegria pura, sorriso amplo, amor incondicional, é como posso descrever a minha tia Etelvina. Viveu um dia de cada vez. Nunca economizou amor, nem a oportunidade de rir, sorrir, e se divertir. Teve inúmeros amigos. Acolheu outros tantos. Foi mãe solo, e junto de seus irmãos amou e criou o Felipe, um menino, agora homem, que certamente carrega em si a alegria de viver de sua mãe. Felipe que, sem saber, deu para sua mãe o melhor presente que poderia: a pequena Isabela, que preencheu os sorrisos da tia Etelvina nos seus últimos meses de vida.

Que grande presente é ter tido a oportunidade de ser sobrinha da Etelvina. Somos, como família, profundamente gratos pelas lições de humanidade que ela nos ensinou. Pelas novenas que rezou por cada irmão, sobrinho ou sobrinho-neto. Por cada cachecol de lã tricotado ou almoço improvisado. Principalmente, pela lição que nos ensinou até seu último dia: que a vida vale ser vivida, um instante e um dia de cada vez. Afinal, é o que realmente temos.”

Claudia Castilha – sobrinha

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